O Rio de Janeiro é a cidade que dança”. A afirmação de Olavo Bilac, de 1906, evidenciava um novo fenômeno experimentado pelos moradores da capital federal ao longo daqueles anos: a proliferação de bailes dançantes pela cidade.
Este livro procura entender a experiência de homens e mulheres que compunham os grêmios dançantes, entre as últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX. Trata-se de uma história que remonta ao começo da década de 1880, quando começaram a se destacar no mundo atlântico novos ritmos sincopados que viriam a alimentar o início da febre dançante no Rio de Janeiro. Em um momento no qual a ideia de modernidade começava a se tornar uma obsessão para as elites nacionais, os trabalhadores negros e pardos da cidade fizeram daquelas danças modernas um meio de afirmar seu próprio cosmopolitismo, afastando-se dos estereótipos a eles associados.
Davam, assim, continuidade à lógica de seus pais e avós escravizados, que já mostravam conhecer bem tanto as possibilidades de luta por autonomia em uma sociedade escravocrata quanto a força política de seus cantos e festas.
O autor não se limita a observar ritmos, musicalidades e práticas culturais, alcançando as disputas e tensões a partir das quais esses novos símbolos da nacionalidade puderam se afirmar, e, com isso, dessemelha-se da visão excludente e oligárquica da Primeira República que ainda ecoa em determinados livros didáticos.
- Autores: AUTOR: PEREIRA, LEONARDO AFFONSO DE MIRANDA
- Editora: EDUERJ
- ISBN: 9786587949239
- Páginas: 360