Escrever é um acalanto, uma ferramenta para se fazer ouvir e escancarar dores. A crônica tem seu espaço no tempo e seu valor histórico-social; transborda empatia do cronista à medida que este protagoniza histórias que estão muito além das páginas de um livro, muito além do portão.  Cronista é um ser em movimento. Seu lugar é onde ele queira estar. Ali ele estaciona tão somente para tirar proveito dos instantes que mais interessam a seu desejo de contar. Realizado, ele muda para outro, sem remorso.  O cronista é um mambembe, um corisco, nas palavras de Chico Buarque; metaforicamente um aproveitador, nada o prende ou o aprisiona; o portão se abre magicamente ao apelo do cronista para lhe conceder passagem.  Rosane é tudo isso, em potencial e no bom sentido: xereteia nos espaços mais diversos e inusitados:  em casa, no ônibus, na escola, na Letônia, nos bares em rodas de choro, nos estádios onde o público xinga a presidenta e no cemitério onde lava e escova o túmulo da família.  Satisfeita, arranca muito rapidamente da bolsa seus equipamentos indispensáveis: papel e caneta e começa a contar tudo com seu jeito característico, sem papas na língua. Questiona, acusa, denuncia, escancara, protesta, xinga, e por vezes acalenta.  A nós, seus leitores, fica a opção de escolha de um lugar calmo e sossegado para saborear o resultado dessas inquietações.  Maria Agostini Mello, professora e escritora
 
- Autores:  AUTOR: CORDEIRO, ROSANE
 - Editora:  EDITORA INSULAR
 - ISBN:  9786588401699
 - Páginas:  0