Aprender é difícil; desaprender é muito mais. Aprender é necessário; desaprender muito mais. E quanto temos a desaprender: o racismo de nossos antepassados; o machismo de nossos pais, entranhado em homens e mulheres; a certeza em nossas crenças (nossos pequenos fundamentalismos); o apego ao dinheiro e a ilusão de seu poder ilimitado; nosso temor da morte (e este talvez seja o mais difícil desaprendizado de todos). Por fim, desaprender o ressentimento, pois ele nos condena à tristeza. Ercy, em seu A arte de desaprender, reafirma o vigor de sua escrita, ainda que, logo de saída, avise seu leitor que se trata de uma despretensiosa coletânea, escrita por um “preguiçoso esforçado”. Sei que, para ele, escrever é um ato de disciplina e, resultado de sua própria exigência, de permanente revisão. Entretanto, nada disso transparece em seu livro, no qual compartilha seu aprendizado – e principalmente o “desaprendizado”, como propõe o título – à medida que discorre sobre literatura, música clássica, filosofia, medicina e as coisas do cotidiano. Ercy tem o olhar aguçado e crítico de quem é um bom observador e um leitor voraz, e tem a capacidade de transmitir de modo claro o que de mais rico extraiu de suas próprias observações e de cada autor, deixando em seu interlocutor o desejo de beber em suas fontes e a vontade de que seu texto não terminasse assim tão brevemente. No meu caso, que acabo de reler os originais do livro para escrever este comentário, confesso o apreciei ainda mais do que na primeira vez. Espero que você desfrute de seus textos assim como provavelmente seus leitores nas redes sociais já o fizeram. Ou, se for um deles, que a releitura seja tão prazerosa quanto foi para mim. Denise Duque, psicóloga
- Autores: AUTOR: SOAR, ERCY
- Editora: EDITORA INSULAR
- ISBN: 9788566500110
- Páginas: 0