Meses já se passaram desde o início do conclave, mas os cardeais - vindos para Roma de todas as partes do mundo - não conseguem eleger o novo papa. Boatos começam a surgir, e um jornal inclusive publica a notícia sobre um banho turco construído no interior de um dos palácios, aonde os cansados cardeais - quase prisioneiros no luxo do Vaticano - iriam para recobrar as forças, cercados por dúvidas e inquietações inconfessáveis. Com um olhar indiscreto sobre a Igreja Católica, o poeta e romancista italiano Roberto Pazzi faz em Conclave uma bem-humorada radiografia da nossa sociedade e um retrato da Itália de hoje. Uma série de eventos fantásticos - a começar por uma praga de ratos de proporções bíblicas - atrapalha o conforto opulento dos membros do conclave, lhes roubando a dignidade e minando a sua fé. Pazzi escreve uma fábula, que se desenvolve num romance divertido e ao mesmo tempo capaz de tocar em assuntos delicados da Igreja Católica neste início de século. O fio condutor de Conclave é a consciência enigmática do cardeal Ettore Malvezzi - um dos menos papáveis -, que observa os eventos e começa a sentir sua percepção da realidade se esvair. Talvez a insanidade seja assim: um velho hábito que não temos tempo para cuidar, sempre à espera de um momento mais oportuno, até que finalmente se torna tolerável, quase insignificante , pondera o personagem. Apaixonado pelos mistérios do Vaticano, o autor mistura ficção e fantasia, baseando numa pesquisa meticulosa sua trama cheia de reviravoltas. O que me fascina no conclave é o afastamento, o segredo, o mistério dos ambientes fechados à visitação. Um romance sobre esse ambiente representa o triunfo da imaginação e da literatura sobre um mundo demasiadamente marcado pela invasão da televisão , afirma Pazzi. Conclave venceu os prêmios Scanno, SuperFlaiano, Comisso, Stresa e Zerilli Marimò, da New York University.
- Autores: AUTOR: PAZZI, ROBERTO
- Editora: ALFAGUARA
- ISBN: 9788573027440
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