Em Sade são questionados, evidentemente, de maneira muito clássica, os fetiches sociais, reis, ministros, eclesiásticos, etc., mas também a linguagem, as formas tradicionais de escrita; a contaminação criminal chega a todos as estilos de discurso: o narrativo, o lírico, o moral, a máxima, o topos mitológico. Começamos a saber que as transgressões da linguagem possuem um poder ofensivo no mínimo tão forte quanto o das transgressões morais e que a poesia, que é a linguagem mesma das transgrssões da linguagem, é assim, sempre revolucionária. Dese ponto de vista, não só a escrita de Sade é poética, como também Sade tomou todas as precauções para que essa poesia seja inflexível: a pornagrafia não poderá nunca recuperar um mundo que só existe em proporção à sua escrita e a sociedade não poderá nunca reconhecer uma escrita que está ligada estruturamente ao crime.
- Autores: AUTOR: SADE, MARQUES DE
- Editora: ILUMINURAS
- ISBN: 857321098
- Páginas: 256