“Fis(s)uras”, de Juan Terenzi, traz versos escritos em dois idiomas dentro do mesmo poema. Português e espanhol se alternam sem aviso. Uma escolha que soa muito natural porque o autor foi criado em lar brasileiro de família argentina.
Terenzi está acostumado à transição orgânica entre os idiomas. Deste modo, tampouco o que se pratica poderia ganhar o nome popular de “portunhol”, porque os dois idiomas não se misturam a um ponto de se modificarem. Nos poemas, convivem lado a lado, cada qual ao seu modo.
“Aqui, duas línguas são postas em confluência amorosa. Elas se amam, poderíamos dizer, mas não sem confronto”, define melhor o professor e poeta Caio Ricardo Bona Moreira, na orelha da publicação. Esse jogo cria não só uma sonoridade muito própria como a vontade de encontrar os motivos da passagem de um idioma a outro, no fazer dos versos.
No prefácio, o professor e poeta argentino Lucas Margarit destaca que o jogo de idiomas propõe pensar “a experiência como um modo de relação entre palavras”. Nessa relação existem as fissuras referidas no título, as fissuras entre os idiomas e também entre o que eles dizem e o que não está no texto, mas por isso mesmo faz parte de seu significado.
- Autores: AUTOR: TERENZI, JUAN
- Editora: MICRONOTAS
- ISBN: 9786588084038
- Páginas: 80