Este romance decidiu-se por ser escrito. Veio à tela do computador e teimou em materializar-se. Queria ser frases, queria ser linhas, queria ser texto. Um romance que quis se romancear. E fez-se escrever sobre regiões limítrofes de dentro e fora, testando-as todo o tempo, escondendo-se das coerências de tradições científicas, filosóficas, teológicas, escapulindo-se da Academia e de seus rigores, incluídos aqueles do academicismo literário e do filosofar sério. Arriscou desencaminhar-se. Quiçá mais que isso, despretensiou-se de qualquer referendum tanto quanto de qualquer futuro. Abriu-se à proscrição, ao desdém, a abandonarem-no a meio livro, mas permanece atento à interrogação. Quis, apenas quis. Deu-se ao desfrute desse querer tão-só. Isso sob a ciência de o fazer. Quis se expor, quis se testar testando. Não se arvora ser facilmente lido, nem facilmente vendido, porque quis urdir-se sobre limites, inclusive aqueles da compreensão do leitor. E, temendo perder-se como ‘costas para rascunho’, tanto quanto temendo ganhar assinatura de outrem pela fuga do carimbo e da prensa, quis editorar-se, quis publicar-se. Este romance trata do humano, dos hibiscos e do sol. Mas não quer ser bucólico. Quer ter dor. Este romance busca um leitor que goste do sol, do sol solar, mas que também goste de dor, goste da dor do escaldar. Este romance chama um leitor aflito. Este romance é sobre aflições.
- Autores: AUTOR: RIZZATTI, MARY ELIZABETH CERUTTI
- Editora: PEDRO & JOÃO EDITORES
- ISBN: 9788579936258
- Páginas: 0