Este livro abre as portas da Faculdade de Direito da UFSC para esclarecer o estranho silêncio que paira sobre a conduta de estudantes e professores no golpe de 1964 e na ditadura implantada. Elucida também como o direito foi utilizado para garantir um Estado de exceção que perseguiu, torturou, matou e traumatizou toda uma sociedade, na qual muitos, até hoje, não conseguem conviver com uma cultura de respeito aos direitos humanos. Conhecer e entender essa postura política e intelectual é apenas o passo inicial para uma compreensão mais ampla das relações entre os juristas e a ditadura, tanto na resistência e luta contra as violências e perseguições quanto no apoio ao autoritarismo e à exceção.
Este livro, sob a ótica da História do Direito, supre a ausência de investigação no âmbito do direito, que causa prejuízo à compreensão do período ditatorial (1964-1985), pois o direito pode atuar para legitimar e sustentar a arbitrariedade, sobretudo num regime de exceção do próprio direito, tal como ocorreu em nosso país. Porém, na Faculdade de Direito da UFSC instaurou-se um silêncio. “Dar fim aos arquivos”, ou seja, apagar a memória daqueles que não se curvaram aos usurpadores, é parte desse acobertamento que ainda temos dentro das instituições. Por isso o autor abre acervos e arquivos “esquecidos”, inclusive do Serviço Nacional de Informações (SNI) e do Fundo Fechado da Faculdade de Direito no Arquivo Central da UFSC, além de jornais do período, lançando luz sobre as sombras que ainda pairam sobre a história dessa faculdade durante a ditadura militar. Como registram os arquivos revelados do SNI, a primeira faculdade de Direito em Santa Catarina, era na universidade, “a mais contaminada pelo esquerdismo” e insistia em “resistir à Revolução”. Estudantes e professores resistiram, foram perseguidos, submetidos a inquéritos internos sumários e também militares, presos, e tudo foi claramente registrado neste livro.
- Autores: AUTOR: SARTOTI, RODRIGO
- Editora: EDITORA INSULAR
- ISBN: 9788552401100
- Páginas: 228