As primeiras metáforas – I
Houve um ser,
anterior a estes e ao abismo.
Chovia. O ser apontou
o céu e disse «olha como
as nuvens choram». Foi o primeiro.
As palavras eram ainda leves
e, naturalmente, era também possível
dizer coisas belas e imprevistas
como um relâmpago.
"O resgate da linguagem – e, no limite, da poesia – fica evidente na resposta dada pelo poeta à pergunta que ele próprio formula no poema “Fôlego Híbrido”, ao se indagar “quanto vale a visão de um futuro ou toda a duração/ de um poema, se já pouco resta da inocência,/ e se nada preserva o fôlego híbrido dessas crianças/ que correm – e gritam – pelas cidades queimadas/ antes de extinguirem”, e a resposta é: “um valor simbólico”.
Um valor simbólico, reconhecemos, é uma potente definição da poesia. Se há linguagem, por mais escassa e gasta que se apresente, ainda há símbolos; e, se há símbolos, há literatura – a possibilidade do gesto literário não apenas como uma reação, mas também uma afirmação, algo que por um momento afasta a morte ao passar de coração em coração."
- Daniel Francoy
- Autores: AUTOR: TAVARES, PAULO
- Editora: EDICOES JABUTICABA
- ISBN: 9786500428025
- Páginas: 72