O riso, a sério
O catarinense é um povo que, no seu profundo sentimento de apego à terra, cultiva a semente do calor humano e um certo inconformismo matizado de humor. Rir, como se sabe, é o melhor remédio. É tão bom que o escritor francês Jules Renard receita o riso como o principal tônico da alma: “Estamos neste mundo para rir. No Purgatório ou no Inferno o homem penitente já não terá motivos para rir. E no Paraíso não seria conveniente…”.
Cronista e jornalista premiado, Celso Vicenzi é um devotado amante da “boutade” – isto é, do “repente”, do dito original e saboroso, aquele lúdico exercício de estilo em forma de “graça”, aquela “mot d’esprit” que é um jogo de ideias fundado no paradoxo ou no absurdo.
Para Henry Bergson, o anatomista do riso, o humor era, de certa forma, “a quebra da lógica”. Essa ausência de lógica estaria igualmente presente na comédia de pastelão. Quando uma criança cai, ao aprender a andar, todos se condoem e correm a socorrê-la. Mas a primeira resposta das testemunhas do escorregão de um adulto é o riso. Se o infeliz acidentado quebrou a lógica, pois dele se esperava que andasse sem cair, sua “punição” é o riso, “castigo” instantâneo para o seu alvo, “correnteza” de alegria para o seu agente ativo.
- Autores: AUTOR: VICENZI, CELSO | ILUSTRAÇÃO: MEDEIROS, CLÓVIS
- Editora: EDITORA INSULAR
- ISBN: 9788552403616
- Páginas: 108