É uma ironia amarga pensar que o termo trabalho provém, dizem, de uma palavra latina que indicava tanto um instrumento agrícola quanto um objeto de tortura. No entanto, apesar dos avanços, pouco progresso se obteve para amenizar os sofrimentos do trabalho, e vivemos hoje num estágio avançado da infelicidade humana. Milênios de história nos trouxeram a um modelo de sociedade formada por multidões de solitários que estão sempre a lutar por seus pequenos interesses, como se de assegurá-los dependesse a continuidade da vida no mundo. Neste Opera do Tripalium, Paulino Júnior volta à carga em sua crítica ao aspecto sombrio que o universo do trabalho assumiu em nossos dias.
Composta de curtas narrativas escritas em linguagem seca e tendente ao coloquial, a coletânea surge como um alerta e um chamado ao compromisso. Nas entrelinhas percebe-se, subjacente ao desencanto, o fardo de uma consciência que, no fundo, sabe que a possibilidade da superação — se existir — passa pelo reconhecimento da dor e pelo esforço de encarar de frente aquilo que está aí para todos verem. É com orgulho e entusiasmo que o selo editorial ARS dá a público mais esta obra de um autor que, sem maiores rodeios, devemos considerar como um dos mais expressivos da atual geração de contistas brasileiros.
- Renato Suttana
Alguns contos desta coletânea foram publicados ali e acolá, outros hibernavam na gaveta do HD, e há os que foram escritos no calor das últimas horas. Assim, entre dispersos e inéditos, volto a apresentar o confronto com o tema que é minha esfinge no penhasco da ficção - "Decifra-me ou devoto-te" -, a labuta da classe trabalhadora.
- Autores: AUTOR: PAULINO JÚNIOR
- Editora: ARS
- ISBN: 9786500357998
- Páginas: 125