Ao problematizar as complexas repercussões do governo joanino na América, com ênfase na atuação de grupos mercantis e autoridades metropolitanas radicadas na então capitania de São Paulo, Renato de Mattos apresenta interpretações originais para a compreensão das articulações entre política e negócios. Lidando criticamente com os fundamentos da memória que cercou a abertura dos portos em 1808, o autor vai reconstituindo as razões da importância econômica e política que São Paulo havia adquirido, entre os finais do século XVIII e início do século XIX. Diante da nuançada sociedade colonial, das peculiaridades locais e de interesses específicos radicados nas diferentes regiões da América portuguesa, como considerar que a abertura dos portos pudesse ser compreendida de modo semelhante e sem oposições pelos diversos sujeitos históricos que foram atingidos por sua implementação? Em que medida a Carta Régia de 1808 não teria ferido interesses e posições sociais de produtores e negociantes tanto na América quanto no Reino, alimentando críticas à monarquia, ao governo e aos segmentos da sociedade que pareciam deles se beneficiar? Por meio de narrativa e argumentos construídos no entrelaçamento entre farta bibliografia e enorme sensibilidade no trato da documentação selecionada, Renato de Mattos oferece uma leitura renovada e instigante de episódios e circunstâncias históricas que se consagraram, desde o século XIX, como emblemáticos no processo de mudanças que teriam provocado a Independência, em 1822.
- Autores: AUTOR: MATTOS, RENATO DE
- Editora: INTERMEIOS
- ISBN: 9788584991440
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