Este segundo volume da "História da Química" dá continuidade ao relato da história da ciência da matéria, descrevendo e explicando as descobertas e teorias vigentes na Química no período que vai de Lavoisier ao desenvolvimento de um sistema periódico de classificação dos elemen tos químicos. O leitor encontrará aqui muitos termos que já lhe são, ao menos em parte, familiares de suas aulas de Química, mas verá também de que maneira teorias hoje esquecidas, como o dualismo eletroquímico, a teoria dos radicais ou a teoria dos tipos, entre outras, influenciaram a Química de hoje.
O segundo livro da "História" contém muito mais “química” do que o anterior, pois explosivo foi o crescimento dos fatos químicos desde o final do século XVIII. E ‘mais química' e mais química mais próxima da ‘nossa' química encontrará aqui o leitor.
No entanto, mais uma vez procuramos redigir um texto acessível não aos químicos apenas, mas sim um texto que pudesse interessar a todos aqueles que têm a Ciência e a Tecnologia como um dos aspectos mais marcantes da Modernidade, não só por elas próprias, mas também pela influência que exercem sobre a história, a economia, a sociedade, a filosofia e as visões de mundo. Continuamos fiéis à nossa maneira de ver a história da Química como parte integrante da História da Ciência como um todo, e está integrando a história cultural da Humanidade.
Embora não se acredite mais em heróis fazendo ciência, mas em uma ciência nascida num determinado contexto filosófico/histórico/social, não nos deixamos de interessar pelos personagens envolvidos nesta etapa da evolução da Química, pois não há dúvida de que houve químicos que por força de sua perseverança, de sua formação, de sua visão mais ampla, de uma multiplicidade de interesses, de um às vezes assombroso volume de trabalho, e, porque não dizê-lo, por pertencerem a um determinado contexto ou mesmo por terem tido mais sorte, mais influências exerceram na evolução da ciência da matéria.
Procuramos extrair da vastíssima literatura química daquele período-de fontes primárias e secundárias - um conjunto de dados que nos permitisse elaborar uma história nos moldes que nos propusemos. E mais uma vez, apresentando as idéias químicas cruciais de uma época que vai de Lavoisier a Mendeleiev, passando por Dalton, Davy, Faraday, Berzelius, Dumas, Liebig, Wöhler e Kekulé (para citar apenas alguns nomes representativos), fizemos questão de deixar clara nossa posição a respeito de questões como o atomismo (ontológico ou epistemológico), a existência (ou não) de estruturas químicas, realidades ou modelos, Naturphilosophie e positivismo, e muitas mais, mas não é nossa pretensão impô-la à redação do livro, de modo que o leitor, concordando ou discordando de nossa visão, terá subsídios para situar-se nos diferentes temas.
Os historiadores da ciência mais ligados ao meio acadêmico entenderão - e desculparão-o fato de fazermos uso de um pequeno anacronismo historiográfico, aquele de apresentarmos muitas vezes as fórmulas e reações químicas da forma como nós as escrevemos hoje (chamando sempre a atenção para o fato), pois tal procedimento torna mais claras a exposição e a discussão de muitos dos assuntos abordados, já que aproxima os registros daquela época pregressa dos registros como os conhecemos hoje, permitindo reconhecer desde logo o que afinal está sendo discutido.
E finalmente mais uma vez sabemos que nem todos concordarão com tudo o que neste livro está sendo dito. E é bom que assim seja, pois a dúvida e a discordância levarão a novas reflexões, a novas idéias e relações, a novas interpretações, enriquecendo a história da química que nunca estará pronta, mas que é a única realidade que temos. Pois como o diz Carlos Fuentes, "não existe criação sem tradição que a nutra, assim como não existe tradição sem criação que a renove”. Não deixemos morrer a História.
- Juergen Heinrich Maar, do Préfacio
- Autores: AUTOR: MAAR, JUERGEN HEINRICH
- Editora: EDITORA PAPA-LIVRO
- ISBN: 9788572911597
- Páginas: 1182